A crônica em questão chama-se: Ler e Morrer, e foi escrita pela Cláudia De Villar.
E casa tão bem com o que a gente sente quando termina um
Estou assim, com medo de morrer, porque estou completamente apaixonada pela série Irmandade da Adaga Negra de J.R. Ward, e estou só no 3º livro (Li: Amante Sombrio, Amante Eterno e agora estou em Amante Desperto, que é o guerreiro que eu mais gostei desde o início, Zsadist). E quando li a crônica entendi o que me espera quando acabar... a morte. Nessa série a morte vem lentamente, aos poucos. Morre-se um pouquinho a cada livro terminado, sei que no final da série minha morte será bem trágica, vai ser difícil renascer dessa vez.
"Como se aquele livro tivesse roubado a sua alma. Nesse instante, você não vê graça em mais nada. Nem na balada, nem no chopinho ao final da tarde, nem no papo solto com aquele amigo. Nada. Você sabe que nada será tão impactante quanto aquelas palavras lidas naquele livro. Portanto, nada mais restará senão a morte literária.Então você morre. Enterra-se dentro de casa. Vive o luto da obra. Chora as lágrimas da solidão. Sente-se vazio. Sente-se frio. Sente-se morto. Literalmente morto. “Literaturamente” morto."
Não é mesmo assim? O que ela escreveu não é perfeito?
Segue a crônica:
Ler e Morrer
Após
ler aquele último parágrafo, a vontade era de morrer. Era um livro
assassino. O livro mais mortal que eu já havia lido. Não haveria outra
saída, senão a morte. Decidi que a morte era a melhor solução naquele
momento. Sei que muitos dirão que sou dramática. Vocês têm razão. Tenho
uma veia artística dentro de mim. Mas o suicídio era certo. Acabaria a
minha atuação aqui na terra. O palco seria território do meu velório.
Depois da leitura daquele livro, eu não
suportaria mais viver. Respirar seria impossível. Coisas comuns como
sair com a galera, comer uma pizza, tomar um chope ao final da
sexta-feira não teriam mais graça. O livro foi o culpado. O livro me
livrou da vida terrestre. O livro me livrou do meu passado, do meu
presente e o que seria do meu futuro? A morte. A terra fria. O caixão
duro. As lembranças vazias. As lágrimas das tias. Eu, obrigatoriamente,
teria que morrer.
Vai dizer que você nunca se sentiu
assim? Vivo-morto. Um zumbi. Um corpo sem sangue, sem coração, sem
cérebro. Um morto? Vai dizer que você nunca leu um livro tão impactante
que, após ler a última frase e fechá-lo, sentiu-se vazio. Como se
nenhuma outra leitura fosse substituir aquela obra. Como se tudo que
você tivesse lido até aquele momento tornara-se simples. Como se aquele
autor tivesse lido a sua alma. Ou pior… Como se aquele livro tivesse
roubado a sua alma. Nesse instante, você não vê graça em mais nada. Nem
na balada, nem no chopinho ao final da tarde, nem no papo solto com
aquele amigo. Nada. Você sabe que nada será tão impactante quanto
aquelas palavras lidas naquele livro. Portanto, nada mais restará senão a
morte literária.
Então você morre. Enterra-se dentro de
casa. Vive o luto da obra. Chora as lágrimas da solidão. Sente-se vazio.
Sente-se frio. Sente-se morto. Literalmente morto. “Literaturamente”
morto.
Mas, há vida após a morte. Alguém vem e
te oferece um livro amigo. Você olha e desconfia. Toca e sente a textura
do livro. Vai se deixando cativar. E, um novo ciclo se inicia. É a
renovação. É o renascimento. E uma luz no fim do túnel aparece. E você
volta das cinzas.
Cláudia De Villar - http://homoliteratus.com/ler-e-morrer/#comment-5052
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