7 de maio de 2009

Gatos em casa podem causar doenças?

Animais e Crianças: Doenças Respiratórias
Uma das grandes preocupações dos pais com a chegada de um animalzinho em casa são os possíveis problemas respiratórios e alérgicos que pêlos podem, em tese, causar nas crianças.
Muitas vezes recebemos e-mails de pais desesperados porque precisarão se desfazer de seus animais devido a chegada de um novo bebê em casa e o pediatra afirmou que se o gatinho não fosse embora, a criança teria asma, necessariamente. Grande engano!
Hoje em dia, estudos mostram que crianças que convivem nos primeiros anos de vida com animais de estimação estão menos propensas a desenvolverem alergias e doenças respiratórias, pois o seu sistema imunológico já estaria "acostumado" com os agentes alergênicos encontrados nos animais.
A exposição de crianças a gatos pode prevenir a asma.
Nos Estados Unidos, especialistas em asma e alergias observaram a resposta imune de mais de 200 crianças que convivem com gatos e apenas menos 1/4 delas apresentaram algum sintoma de asma. De acordo com essa pesquisa, publicada no The Lancet, crianças expostas ao convívio com gatos podem desenvolver imunidade a asma por produzirem um tipo específico de anticorpo que as protege de alergias, criando uma espécie de tolerância a asma.
O professor Thomas Platts-Mills, que liderou a pesquisa feita no Centro de Asma e Doenças Alérgicas da Universidade de Virgínia, afirmou que as chances das crianças serem imunes a gatos são as mesmas de serem alérgicas a eles. Falou ainda que esse tipo específico de imunidade se desenvolveu quando as crianças tiveram um convívio significante com os gatos, ou seja, quando conviveram com os animais da casa no dia-a-dia e não apenas em ocasiões isoladas.
Além disso, o professor também afirmou pensar que crianças alérgicas que não convivem com gatos são mais suscetíveis a desenvolverem asma do que crianças que convivem com gatos dentro de casa e desenvolveram esse tipo específico de resposta imune. De acordo com suas próprias palavras: "Não podemos falar para os futuros pais que eles precisam doar os gatos quando as crianças nascerem porque essa resposta imune é tão comum quanto uma possível alergia."

As famílias podem ficar com o gato
As pesquisas realizadas mostram que suas descobertas não sustentam a percepção comum das família evitarem ter gatos em casa para prevenir que seus filhos desenvolvam asma.
De acordo com o Dr. Mark Larche, pesquisador sênior membro da Campanha Nacional de Asma, nos Estados Unidos, essas descobertas demonstram, de fato, que em alguns casos a exposição a altos níveis de alérgenos realmente induz a uma resposta protetora do organismo.
E acrescenta: "Isso se encaixa com o que nós sabemos sobre a terapia imunológica bem sucedida, em que esse anticorpo protetor foi achado em pacientes que se beneficiaram dessa forma de tratamento."

As doenças que os gatos transmitem às pessoas
As zoonoses são doenças que podem ser transmitidas do animal para o homem e, no que toca aos gatos, existem, infelizmente, algumas doenças que podemos transmitir para os nossos donos. Custa-nos muito saber isto e não queremos alarmar ninguém, mas é importante informar todos os donos de felinos, porque mais vale prevenir do que remediar!
Vamos ver algumas doenças na narração dos próprios gatos!

Alergias
Nós felinos produzimos glucoproteína Fel d1 que está presente na nossa saliva e, consequentemente, no nosso pêlo. Ora infelizmente para alguns donos (por norma aqueles com uma desregulação no sistema imunitário), esta substância desencadeia uma série de reacções alérgicas que podem ir de simples espirros, erupções cutâneas e irritação das vias respiratórias, até asma, em casos mais graves. É uma dor enorme no meu pequeno coração ter que lhe dizer isto, mas, se esta situação se verificar em si ou em qualquer outro membro da família, os felinos não são a melhor opção em termos de animal doméstico. A não ser (sim há esperança!) que tenha um gato “Siberiano” ou “Bosque de Sibéria” como também é conhecido – estes privilegiados não produzem a glucoproteína!

Toxoplasmose
A toxoplasmose existe há muito tempo e nós felinos somos um dos seus hospedeiros preferidos. Doença parasitária, a toxoplasmose é provocada por um protozoário – o toxoplasma gondii – que infecta aqueles felinos que comem aves, ratos ou carne contaminada. A transmissão às pessoas é efectuada através das nossas fezes – esperem, não é tão mau como parece! Como somos o expoente máximo da limpeza, dificilmente encontrará vestígios de fezes (e consequentemente o toxoplasma gondii) no nosso pêlo, ou seja, a única forma de contaminarmos o nosso dono é através do contacto que ele tem com a nossa caixa de areia. De facto, uma em duas pessoas é infectada com toxoplasmose, que se manifesta como uma espécie de constipação, durando apenas 2 ou 3 dias. No entanto, a situação pode complicar-se se a minha dona é uma mulher grávida, isto porque a toxoplasmose pode provocar um aborto ou lesões no feto, um cenário que se agrava se for a primeira gravidez. Eu sei, já nem pode ouvir falar em gatos… mas a toxoplasmose pode ser controlada, acredite em mim! Os ovos de toxoplasma só começam a ser infestivos 24 horas depois de nós termos ido ao WC, por isso, se as nossas fezes forem limpas logo após a eliminação, ou pelo menos uma vez por dia, os riscos de contaminação são reduzidos drasticamente. Para uma precaução extra, utilize sempre luvas descartáveis quando limpar o meu areão e opte por desinfectar ou escaldá-lo; se eu tiver liberdade de andar no jardim, evite os locais que já predefini como WC; lave sempre muito bem as mãos depois de me fazer festas ou de brincar comigo; por mais que eu possa gostar, nunca me dê carne crua. Estas precauções também se aplicam às pré-mamãs, por isso, não tem de me despachar apenas por estar grávida! Posso ficar então!?
Dermatomicose ou “Tinha”
A dermatomicose ou “tinha” como é mais conhecida, é uma infecção cutânea provocada por fungos parasitas (e microscópios, é por isso que não lhe posso avisar, não consigo vê-los!), denominados dermatófitos. Uma vez infectados podemos transmitir a “tinha” aos humanos, não apenas através do contacto directo, mas também através do manuseamento de cobertores, mantas ou tapetes onde nos costumamos deitar. Esta doença manifesta-se na pele do nosso dono (desculpa!), principalmente nas zonas do corpo que contactam mais directamente com os felinos, ou seja, as mãos, braços e rosto, com a formação de pequenas manchas vermelhas (já pedi desculpa!?). Apesar de não ser muito grave (é facilmente tratado com um anti-fúngico específico), a “tinha” espalha-se muito rapidamente e é altamente contagiosa, daí que deve ser tratada o mais depressa possível. E eu sou solidário porque vou fazer o tratamento consigo e durante esse tempo todas as pessoas da casa devem evitar o contacto directo comigo (eu vou tentar sobreviver…). Se servir de consolo, fica esta curiosidade: é mais frequente a “tinha” ser transmitidas aos humanos através dos gatos persas, siameses e angorás.
Sarna Sarcóptica
Apesar de afectar mais os cães e de raramente surgir em gatos, alguns dos nossos conterrâneos também chegam a sofrer de sarna sarcóptica – uma dermatose parasitária causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei. Altamente contagiosa, esta infecção pode ser transmitida entre animais afectados, através de instrumentos de higiene mal limpos ou em locais onde existem ou já existiram animais infectados. A sarna sarcóptica manifesta-se na nossa pele através de pequenas crostas que levam à perda de pêlo e a um aspecto (e cheiro!) cada vez mais desagradável. E como dá muita comichão, tornamos a situação ainda pior ao coçar e mordiscar as áreas infectadas, criando feridas bastante feias. Para não transmitirmos a doença a ninguém (outras animais e humanos), temos obrigatoriamente de ser isolados (não se preocupe, vamos aguentar!) e o tratamento terá de ser feito sempre com recurso a luvas e roupa descartável.
Esporotricose
Uma das micoses subcutâneas mais vulgares, a esporotricosetem na sua origem o fungo Sporothrix schenckii. Presente no solo, está também associado a várias plantas e madeira que podem facilmente picar-nos sem sequer darmos conta! O resultado? Nódulos e pápulas inflamadas que podem ficar na superfície da pele e cicatrizar por si só ou que podem evoluir para feridas traumáticas e profundas, atingindo, para além da pele, os gânglios, ossos e órgãos internos. Como a esporotricose é contagiosa, aconselho vivamente aos donos tratarem os seus gatos com luvas até estiveram completamente curados… nós não levamos a mal, afinal é por uma boa causa!
Toxocariose
Causada pelo parasita Toxocara. cati, cujos ovos nós ingerimos sem saber (juro!), as larvas são libertadas e crescem nos nossos intestinos até se tornarem vermes adultos (acho que vou desmaiar…). Aproximadamente 40 dias depois, começo a eliminar milhares de ovos através das minhas fezes e é aí que surge uma possível contaminação dos humanos. Isto acontece através da manipulação da nossa liteira ou do contacto com locais públicos onde possamos ter estado, caso dos passeios, jardins ou zonas com areia, sendo as crianças mais susceptíveis, uma vez que brincam no chão e levam muitos objectos à boca. Nas pessoas contaminadas as larvas não se desenvolvem até à fase adulta, ficam-se pela fase larvar (menos mal não acha!?) que, na linguagem dos nossos donos, quer dizer Síndrome de Larva Migrans Visceral. Depois de libertadas, as larvas entram no sangue e infiltram-se em vários órgãos, originando o aparecimento de granulomas parasitários, reacções alérgicas e sintomas como febre intermitente, diminuição ou aumento de apetite, dores musculares, dor abdominal, tosse, anemia ou lesões oculares. No entanto, esta doença é facilmente tratada. Por outro lado, pense que a toxocariose apenas afecta 10% dos gatos adultos e 25% dos gatinhos com menos de 3 meses de vida.
Ancilostomíase
Apanhamos esta infecção através do parasita A. Tubaeforme que pode entrar para os nossos organismos através da placenta, da pele, da ingestão de matéria orgânica com restos fecais de animais infectados ou através da amamentação, se a nossa mãe estiver igualmente infectada. Esta doença é mais propícia em zonas de praia e terrenos arenosos, onde andamos livremente, enterrando as fezes onde nos apetecer. Nos felinos, a ancilostomíase manifesta-se através do endurecimento da pele, principalmente das áreas do nosso corpo que têm mais contacto com o solo, tosse rouca e húmida, apatia, fadiga, palidez das mucosas, diarreia, perda de peso, vómitos esporádicos ou atraso no crescimento. Como zoonose que é, a ancilostomíase pode ser transmitida aos nossos amigos humanos se estes estiverem em contacto com solo ou areia infectada. Nas pessoas esta doença chama-se “larva migrans cutânea” e, tal como o próprio nome indica, manifesta-se apenas na pele (normalmente pés e mãos) através da formação de pápulas e/ou lesões subcutâneas, que uma vez diagnosticadas são facilmente tratadas.

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