17 de abril de 2009

Pinhão... eu adoro!

Como terminou ontem o período em que é proibida a colheita e comercializaçõ de pinhão aqui no estado, e agora começaremos a encontrar pinhão à venda por aí, resolvi postar sobre ele, essa semente fonte de lendas, e principal componente de tantos pratos típicos da região. Estou ansiosa para que venha o friozinho, pra gente fazer aquela paçoca de pinhão deliciosa ou o entrevero que meu pai faz muito bem. Acho que vou sentir muita falta do meu fogãozinho à lenha, tão pequeno mas que deixava a casa toda quentinha, abrigava os dois "peludos" friorentos embaixo dele, mantia quente a água pr'um mate e cozinhava uma "panelada" de pinhão, devargazinho, com paciência...
Agora no apartamento é diferente, sem fogão à lenha, tudo gelado... mas temos que acostumar, afinal se abre mão de algumas coisas para termos outras, e esse é o nosso grande sonho realizado, o nosso apartamento! Volto a dizer, e Deus quiser eu compro um sítio, aí faço um fogão à lenha daqueles de patrão, e também vou poder acolher tantos bichinhos que andam por aí.
Mas ainda falando do pinhão achei essa reportagem legal no site Brasil Sabor ( http://www.brasilsabor.com.br/por/roteiros/artigo/89 ) ai que vontade de sair no campo catar pinhão, como fizemos ano passado e no outro, entrar no banhado pegar as pinhas que caíram (pra não perder), fazer um assado de lingüiça e comer com pão e pinhão sapecado, kkkkkk, parece estranho, mas gosto desse tipo de lida... descarrega a mente, diverte, a gente volta muitooooooo cansada mas em compensação muito mais leve, é tudo tão simples e gosto dessa simplicidade interiorana, sem preocupações, sem estresse... Preciso fazer mais esse tipo de "programa" é relaxante.






O entusiasmo pelo pinhão

Se o personagem Bubba, do filme Forrest Gump, morasse em Lages, ao invés de contar as inúmeras receitas que sabe fazer com camarão, ele iria listar pratos regionais feitos com pinhão: medalhão de pinhão, pinhão cozido com azeite e orégano, salada de pinhão, maionese de pinhão, entrevero de pinhão, pinhão sapecado, pinhão na chapa, farofa de pinhão, purê de pinhão, macarrão de pinhão, nhoque de pinhão, pizza de pinhão, truta coberta com pinhão, panqueca de pinhão, pudim de pinhão, cuca de goiabada com pinhão, e bolo de pinhão. E depois, Bubba iria dizer a seu amigo Forrest Gump: “Bem, acho que é só isso”.
Os moradores de Lages e seus arredores têm um grande fascínio pelo pinhão. Esse fato pode ser comprovado tanto nas fazendas rurais que sempre são preparadas receitas com pinhão ou então na festa mais tradicional e esperada da cidade: a Festa do Pinhão.

A semente da Araucária

No passado, havia uma enorme área de florestas de araucária no sul do Brasil. Geralmente, localizada junto às terras altas dos planaltos e serras, a araucária só pode existir em altitudes elevadas e em climas com temperaturas moderadas durante o ano. É também conhecida como “pinheiro-do-paraná” e suas características são: um tronco largo que pode atingir mais de 50 m de altura, folhas duras, pontiagudas e perenes, e copa em formato de taça de Martini. O fruto da araucária é a pinha e sua semente, o pinhão. Somente o pinheiro-fêmea possui pinhas, que facilmente ultrapassam o número de 100 frutos por árvore anualmente. A época do pinhão costuma ser de abril até o início de agosto.
Uma curiosidade a respeito da araucária é o fato de que existem dois animais que servem de dispersores naturais de suas sementes: a gralha azul e a cutia. A gralha azul é uma ave predadora, de canto estridente e comportamento arredio. Sua cabeça é negra e seu corpo azul, e é reconhecida oficialmente como ave-símbolo do estado do Paraná. A gralha azul costuma se alimentar de pinhões e, quando sua fome é saciada, costume enterrar o restante das sementes com a ponta mais fina voltada para cima, o que favorece a germinação. A ave ainda pode, ao bicar a pinha, debulhar as sementes, deixando-as cair no solo e servindo de alimento para outros animais. Já a cutia, um roedor que aprecia bastante o pinhão, tem uma audição bem desenvolvida e atenta ao barulho da queda de pinhas. Após se fartar de comer pinhões que encontra no chão, a cutia tem o costume de enterrar aquilo que sobrou, podendo assim germinar uma nova araucária.


Na Fazenda Dourados, no município de Lages, sua proprietária Kátia costuma mostrar a seus hóspedes inúmeras formas de preparar o pinhão. Uma delas é o pinhão sapecado. Kátia conta que essa maneira de preparar a semente teve origem com os tropeiros, que adoravam se alimentar de pinhões. E conta também que os tropeiros, ao descartar alguns pinhões ao longo das trilhas, foram responsáveis pela germinação de muitos pinheiros.
Kátia volta então à explicação do pinhão sapecado. Inicialmente, é preciso “juntar as grimpas”, ou seja, coletar os inúmeros galhos secos de araucária que caem no chão. Depois basta amontoá-los um em cima do outro e achar alguns pinhões. Estes são então colocados no meio do monte de grimpas. Por último, basta colocar fogo nas grimpa. “Mas cuidado”, alerta Kátia, “porque o fogo se alastra pelos galhos secos bastante rápido”. Com a queima, que realmente acontece de supetão, os galhos ganham tons esbranquiçados enquanto são consumidos pelo fogo. Instante depois, com o fogo já extinto e os galhos em brasa, basta apanhar os pinhões. Apesar de sua casca ter sido enegrecida pelo fogo, ao ser descascado, a semente está pronta para ser saboreada.
Kátia conta ainda que existem pelo menos outras duas formas de preparar o pinhão: na chapa ou cozido. Após debulhar a pinha, basta apanhar alguns pinhões e colocar em cima da chapa do fogão à lenha. Daí basta cuidar das sementes, virando-as ocasionalmente, até ganharem cor. Já o pinhão cozido é a forma mais tradicional de prepará-lo. Basta cobri-lo com água e deixá-lo cozinhando por um bom tempo. Kátia ensina ainda que esta é forma ideal de estocá-los ao longo do ano. Basta cozinhar e descascar o pinhão e depois guardá-lo no freezer. Assim, as receitas com a semente podem ser preparadas para o hóspede mesmo fora de época.


A receita de entrevero de pinhão de Kátia já foi premiada na Festa do Pinhão. Ela diz que sempre gosta de fazer algo diferente para o evento que atrai turistas de todas as partes do Brasil. “A Festa do Pinhão já é bastante famosa. E tem muita coisa boa: música, dança, exposições, artesanato e, claro, muitas barraquinhas com receitas de pinhão”, conta com entusiasmo.
A Festa Nacional do Pinhão acontece geralmente no final do mês de maio, no Parque de Exposição de Lages, e recebe mais de 300 mil pessoas. Teve um ano, por exemplo, em que ela inventou o macarrão de pinhão. Para iniciar essa receita, e muitas outras, “é preciso passar o pinhão já cozido num moedor desses que se moem carne. Mas o meu eu só uso para moer o pinhão”. Depois basta passar essa “pasta” de pinhão em uma máquina de fazer macarrão e cobrir com um molho. A paixão de Kátia pela semente da araucária é tamanha que chegou até mesmo a desenvolver um descascador de pinhão: uma máquina que tira a casca da semente com enorme facilidade.

Um comentário:

Colafina disse...

Ôpa!
Faltou o pinhão cozido, saboreado um a um, lambuzado no mel. E se for mel de bracatinga, melhor ainda. Muito bom! Já deu água na boca!

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